02
ago

O CONTEXTO HISTÓRICO DE NEEMIAS

A cidade de Jerusalém foi destruída no ano 586 a.C. Os judeus que viviam ali foram deportados para Babilônia (hoje, Iraque). Deviam estar no cativeiro durante 70 anos, mas, no ano 537, foi permitido que um primeiro grupo retornasse. No ano 516, o templo de Jerusalém foi reconstruído. Esdras foi o líder do segundo grupo de judeus que regressou a Jerusalém em 458. Logo, em 445, Neemias pediu autorização para voltar a Jerusalém com um terceiro grupo, a fim de reconstruir os muros da cidade.

Naqueles dias, as cidades eram protegidas pelos muros que as rodeavam. Se um inimigo atacava a cidade, poderia levar até seis meses para abrir espaço e entrar, graças a esses muros. Quando Neemias entrou em cena, os muros de Jerusalém já estavam destruídos há décadas.

Já naquela época, os judeus viveram em cativeiro na Babilônia durante algum tempo. Finalmente, foi permitido que retornassem, pouco a pouco, e, depois, que reconstruíssem o templo. A cidade, porém, continuava em ruínas e os muros, um monte de escombros. Isso criava dois grandes problemas:

I — Os habitantes estavam indefesos

Sem proteção, os habitantes de Jerusalém eram vulneráveis diante dos ataques e das provocações. Ao se verem indefesos, sentiam-se também desanimados e derrotados. Quando um exército entrava em uma cidade e se apoderava dela, a primeira coisa que se fazia era destruir seus muros. Era um símbolo da derrota e do desamparo. Com seus muros destruídos, Jerusalém era uma desonra para o povo de Deus. Era como uma declaração: “Deus os abandonou”.

Muitos deles criam que Deus havia feito isso. Afinal de contas, o cativeiro de Israel era consequência de sua desobediência. Deus havia dito: “Se não passarem a se comportar como povo escolhido que são, permitirei que uma nação inimiga invada sua cidade”. O povo não se comportou como era devido, de maneira que Deus permitiu a entrada da nação inimiga. Ele cumpre o que promete.

Agora estavam de volta e até tinham reconstruído o templo. Estavam vivendo em meio aos escombros, sua moral estava no chão, sentiam-se derrotados, desalentados e deprimidos. Como e natural, criam que Deus continuava aborrecido com eles. O que faria falta num momento como aquele? Um líder.

Aqui entra em cena Neemias.

Palavras de Neemias, filho de Hacalias: No mês de quisleu, no vigésimo ano, enquanto eu estava na cidade de Susã, Hanani, um dos meus irmãos, veio de Judá com alguns outros homens, e eu lhes perguntei acerca dos judeus que restaram, os sobreviventes do cativeiro, e também sobre Jerusalém. E eles me responderam: “Aqueles que sobreviveram ao cativeiro e estão lá na província passam por grande sofrimento e humilhação. O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo”. Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus dos céus.

O que estamos lendo aqui e o diário de Neemias. E a sua história, escrita por ele mesmo. Nas suas palavras, lemos como ele conseguiu a permissão de um rei estrangeiro — um homem que não era crente — para voltar a Jerusalém e reconstruir seus muros. Aquele era o mesmo rei que, quando, pela primeira vez, os judeus intentaram reconstruir o muro, havia ordenado que não o fizessem. Talvez você já tenha passado pela experiência de tentar mudar a maneira de pensar de alguém depois que negou com grande firmeza o que você pediu. não é fácil! Neemias fez com que isso acontecesse. Nesse notável diário pessoal, vamos encontrar o interior desse líder.

“Enquanto eu estava na cidade de Susã…” Susã não era a capital do império Persa; era uma espécie de palácio de veraneio. Neemias nos diz: “nessa época eu era o copeiro do rei”. Assim ele ganhava a vida. Esse era ele, um copeiro.

No Antigo Testamento, esse rei e conhecido por três nomes diferentes. Em alguns lugares, ele e chamado “Artaxerxes”, que significa “grande rei”. Em outros, e chamado “Azaras”, que significa “pai venerável”. No livro de Daniel, ele tem o nome de “Dario, o medo”. Isso nos diz algo sobre a forma com que os povos tratavam seus governantes naqueles dias, já que um só homem era conhecido por três nomes diferentes.

E provável que, por ser copeiro do rei, Neemias ocupasse o segundo cargo em importância dentro do reino. O copeiro do rei era uma combinação do primeiro ministro, guarda-costas, agente pessoal de segurança e ajudante do rei. Era a pessoa na qual o rei mais confiava. O título de Neemias se origina, em parte, de suas responsabilidades que incluíam a obrigação de provar o vinho antes que o rei o bebesse, para assegurar-se de que não estava envenenado. Naqueles dias, as tentativas de assassinato eram coisa comum. Se o copeiro caísse, o rei saberia que se tratava, muito provavelmente, de algo mais que um simples vinho em mal estado. Havia muitas pessoas que não gostavam de Artaxerxes e, assim, a profissão de Neemias era muito perigosa.

Neemias tinha de ser totalmente leal e digno de confiança, e Artaxerxes lhe confiava a própria vida. Ainda que seja provável que Neemias tenha nascido na Babilônia durante o cativeiro, ele não era persa; no entanto, ocupava o segundo posto em autoridade c era uma grande figura dentro do governo persa. Deus sempre tem sua maneira de colocar seu povo na posição necessária e no momento precise

Hanani, um dos irmãos de Neemias, acabava de voltar da uma viagem a Jerusalém. Visto que Jerusalém está a uma distância de 1.300 a 1.600 quilômetros de Susã, e provável que ele tivesse levado uns dois meses nessa viagem sobre lombos de camelo, atravessando o deserto uma viagem nada fácil. Neemias pediu notícias a Hanani. Queria saber tudo o que estava acontecendo a sua família em Jerusalém.

“Só trago más notícias”, disse-lhe Hanani. “O povo está deprimido, nossos parentes estão desalentados e os muros continuam caídos. Reconstruíram o templo, mas toda a cidade está em ruínas. estão invadindo a cidade e o povo está realmente desalentado. Mas notícias, irmão!”.

No versículo 4, vemos a reação de Neemias: “Quando ouvi essas coisas, sentei-me e chorei. Passei dias lamentando-me, jejuando e orando ao Deus”

Neemias se sente triste com as notícias e envergonhado pelo povo de Deus. Nos versículos seguintes, leremos sua oração. Veremos também que Jeremias não orou apenas uma hora ou apenas um dia. As Escrituras dizem que ele ouviu as notícias no mês de quisleu e foi no mês de nisã quando o rei o deixou ir. Havia orado, chorado, jejuado e lamentado durante quatro meses. E claro que levou a sério aquelas notícias, e que as guardava no mais profundo do coração. Neemias era um homem de oração. Em seu diário lemos onze orações; mais que em qualquer outro livro da Bíblia. Por que você acha que Deus o escolheu para ser líder? Teria sido em virtude da sua vida de oração?

Neste estudo trouxemos o pano de fundo, a história base para entender os desafios que Neemias enfrentou. Gostaria que você procurasse ao seu redor se não há um contexto parecido em que você tenha que atender o chamado e viver sua liderança. Ore ao Senhor para que te mostre, onde em sua geografia, você tem a necessidade de se levantar como líder. Veremos no próximo estudo, porque Deus escolheu Neemias.